quarta-feira, 17 de julho de 2013

Ramadão: primeiros sintomas

O Ramadão é o nono mês do calendário muçulmano. Como é um calendário lunar começou na última lua nova, dia 10 de Julho - na verdade começou quando se observou claramente no céu, a lua nova astronómica foi dia 9. Dura este ciclo lunar e para quem segue a religião de Maomé dura e custa muito todos os dias. Estamos no meio do Verão e na península Arábica isso significa longas horas de sol, calor, humidade alta e uma noite só muito ligeiramente mais fresca. Tudo isto sem água nem alimento.
Sendo considerado um dos cinco pilares do Islão, espera-se que todos os muçulmanos jejuem e sigam as restrições vigentes. Em Mascate, para um ocidental que não segue a religião local há também regras. Não tem de jejuar nem ter todas as outras restrições, mas não pode ser visto a fazer nada do que os muçulmanos não podem fazer neste mês. Embora haja salas nas empresas para os infiéis reporem os níveis de açúcar e cafeína, a verdade é que não dá jeito nenhum lá ir sempre que se precise de beber água ou comer. Assim sendo muitos acabam por comer ao almoço em casa ou noutro sítio escondido e voltar ao pecado só depois de voltar do trabalho.
Outra diferença é que por razões de segurança - e acreditem que são sérias - o sector público e muitas empresas definem um horário para os fiéis que acaba às 13h. São repetidos exaustivamente os apelos à condução segura e para que não o façam se sentirem cansados, irritados, com fraqueza ou outros sintomas... ora isso é quase inevitável durante este mês visto que para além do calor durante o dia, não comem nem bebem, os que fumam não fumam e a noite é passada quase na totalidade em rezas e refeições. Sem surpresa a sinistralidade rodoviária triplica durante este período (durante o resto do ano é a mais alta do mundo - dos países que contabilizam, claro). As horas que antecedem o Iftar, a quebra do jejum, são as piores, já presenciámos situações muito próximas de acidentes, ou melhor incidentes, porque eram manobras loucas de condutores fora de si.
É suposto ser o mês da introspeção, caridade e adoração, mas para quem não é crente a visão é bem diferente.