Castelo de Bahla |
Antes
do pai do actual Sultão unificar todo o território e ter conseguido ainda
anexar umas partes do empty quarter (zona desértica enter os Emirados, Omã e
Arábia Saudita), o país chamava-se Mascate e Omã. Mascate referia-se a toda a
zona costeira que o Sultão controlova e Omã ao interior montanhoso e desértico
que era controlado de facto pelo Imã. Houve até tentativas de autodeterminação
junto das Nações Unidas e de reconhecimento pelos países vizinhos. A capital de
Omã era Nizwa, a maior cidade, ainda hoje, nas montanhas Hajar e o ponto de
controlo do Imã.
Forte de Nizwa |
Foi
essa zona que fomos visitar durante um dos fins-de-semana prolongados que por
uma razão ou por outra parecem ser comuns por aqui. Quando me falaram em
montanha imaginei estradas íngremes de montanha, tipo Pirinéus ou pelo menos
Serra da Estrela, cidades ao longo de encostas com casas tortas e míudos que
perdiam para sempre a bola quando a chutavam com demasiada força. Há montanha,
mas os vales são tão largos que se pode viajar por grande parte da cadeia em
declives muito suaves. Naturalmente a maior parte das estradas estão
construídas ao longo desses vales assim como muitas das cidades e vilas. A
planura dos vales é tão grande que é difícil perceber para onde escorre a água.
Apanhámos ainda algumas estradas onde corria água – no rescaldo das chuvas das
semanas anteriores – embora todas transitáveis. Em Nizwa a estrada de acesso ao
centro histórico e um grande parque de estacionamento são no próprio wadi.
Acreditam mesmo que não chove, de modo que quando isso acontece, ficam com um
rio no meio da cidade.
Misfat |
Em
Nizwa vi o primeiro canhão português. O mais estranho é que os portugueses
nunca aqui estiveram, o controlo desta zona foi sempre junto à costa. Para além
do português estavam canhões suecos, ingleses e de outras paragens que segundo
as pancartas vieram cá parar numa das reconstruções do forte, bem depois dos
Portugueses terem saído do Golfo Pérsico. Não conseguimos ver muito mais que o
forte e algum dos edifícios em volta porque caiu uma carga de água que nos
forçou a voltar para o carro e seguir caminho esperando que os wadis não
enchessem demasiado.
O
que deu para ver em Nizwa e em muitas outras cidades e vilas desta zona foram
as casa de lama, na maioria desabitadas e em ruínas. O método de construção
mais comum nesta zona, mesmo onde há pedra em abundância, era a construção em
blocos de lama secos misturados com palha ou raminhos formando paredes, depois
revestidas com outra camada de lama ou, suponho que nas casas mais nobres, com
estuque. É pena ver que bairros inteiros destas casas estão agora ao abandono,
mas por outro lado compreendo que em tempos modernos e com algum dinheiro seja
mais fácil construir uma casa nova do que reabilitar casas de lama sem água,
luz ou saneamento.
Um dos largos vales por entre as montanhas |
A
montanha digna desse nome só fugindo das estradas principais e ir no sentido de
Al Hamra (o vermelho) e mais além até Misfat. Aí sim, em estrada de montanha e
fomos presenteados com uma das últimas aldeias de lama ainda “vivas”. Em todos
os sentidos, com pessoas a viver nas casas, jardins luxuriantes de tamareiras e
água, muita água, em várias falajs que atravessam a aldeia. Há inclusivé uma
piscina comunitária – na verdade um dos tanques das falajs – onde a miudagem se
refresca em grande. O mais impressionaste é que é um ponto de vida no meio de
montanhas austeras sem, aparentemente, uma gota de água. A minha ideia de oásis
era outra, mas parece que o conceito é mais lato.