domingo, 26 de maio de 2013

Omã



Castelo de Bahla

Antes do pai do actual Sultão unificar todo o território e ter conseguido ainda anexar umas partes do empty quarter (zona desértica enter os Emirados, Omã e Arábia Saudita), o país chamava-se Mascate e Omã. Mascate referia-se a toda a zona costeira que o Sultão controlova e Omã ao interior montanhoso e desértico que era controlado de facto pelo Imã. Houve até tentativas de autodeterminação junto das Nações Unidas e de reconhecimento pelos países vizinhos. A capital de Omã era Nizwa, a maior cidade, ainda hoje, nas montanhas Hajar e o ponto de controlo do Imã.
Forte de Nizwa
Foi essa zona que fomos visitar durante um dos fins-de-semana prolongados que por uma razão ou por outra parecem ser comuns por aqui. Quando me falaram em montanha imaginei estradas íngremes de montanha, tipo Pirinéus ou pelo menos Serra da Estrela, cidades ao longo de encostas com casas tortas e míudos que perdiam para sempre a bola quando a chutavam com demasiada força. Há montanha, mas os vales são tão largos que se pode viajar por grande parte da cadeia em declives muito suaves. Naturalmente a maior parte das estradas estão construídas ao longo desses vales assim como muitas das cidades e vilas. A planura dos vales é tão grande que é difícil perceber para onde escorre a água. Apanhámos ainda algumas estradas onde corria água – no rescaldo das chuvas das semanas anteriores – embora todas transitáveis. Em Nizwa a estrada de acesso ao centro histórico e um grande parque de estacionamento são no próprio wadi. Acreditam mesmo que não chove, de modo que quando isso acontece, ficam com um rio no meio da cidade.
Misfat
Em Nizwa vi o primeiro canhão português. O mais estranho é que os portugueses nunca aqui estiveram, o controlo desta zona foi sempre junto à costa. Para além do português estavam canhões suecos, ingleses e de outras paragens que segundo as pancartas vieram cá parar numa das reconstruções do forte, bem depois dos Portugueses terem saído do Golfo Pérsico. Não conseguimos ver muito mais que o forte e algum dos edifícios em volta porque caiu uma carga de água que nos forçou a voltar para o carro e seguir caminho esperando que os wadis não enchessem demasiado.
O que deu para ver em Nizwa e em muitas outras cidades e vilas desta zona foram as casa de lama, na maioria desabitadas e em ruínas. O método de construção mais comum nesta zona, mesmo onde há pedra em abundância, era a construção em blocos de lama secos misturados com palha ou raminhos formando paredes, depois revestidas com outra camada de lama ou, suponho que nas casas mais nobres, com estuque. É pena ver que bairros inteiros destas casas estão agora ao abandono, mas por outro lado compreendo que em tempos modernos e com algum dinheiro seja mais fácil construir uma casa nova do que reabilitar casas de lama sem água, luz ou saneamento.
Um dos largos vales por entre as montanhas
A montanha digna desse nome só fugindo das estradas principais e ir no sentido de Al Hamra (o vermelho) e mais além até Misfat. Aí sim, em estrada de montanha e fomos presenteados com uma das últimas aldeias de lama ainda “vivas”. Em todos os sentidos, com pessoas a viver nas casas, jardins luxuriantes de tamareiras e água, muita água, em várias falajs que atravessam a aldeia. Há inclusivé uma piscina comunitária – na verdade um dos tanques das falajs – onde a miudagem se refresca em grande. O mais impressionaste é que é um ponto de vida no meio de montanhas austeras sem, aparentemente, uma gota de água. A minha ideia de oásis era outra, mas parece que o conceito é mais lato.

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