sexta-feira, 18 de julho de 2014

Wadi Bani Kharus

Em mais uma saída geológica organizada pela empresa - Omã é um paraíso para geólogos e a empresa facilita-nos o acesso ao Éden - segui para as montanhas. Assim como a visita a Nizwa e cidades dessa zona, não se sente que se está a subir para as montanhas. Elas são altas, bem altas e são visíveis a muitos kilometros de distância, mas os wadis são amplos e a altitudes bem inferiores. Não estranhamente a maioria da localidades estão nos wadis, assim como as estradas que cortam as montanhas. 
Um estreito formado por calcários do Jurássico
Wadi bani Kharus fica na parte Noroeste das montanhas Hajar, na zona de Rustaq onde as linhas de água drenam para Norte, alimentando os aquíferos da costa de Batinah, uma das zonas com maior produção agrícola - porque tem muita água subterrânea - e mais densamente povoadas de Omã e do Golfo.
Para os geólogos e também curiosos da História Natural os wadis que cortam as montanhas são uma viagem no tempo espectacular, com alfloramento a 100%, ou seja não há árvores, solo e essas coisas chatas a cobrir as rochas. Numa sequência em monoclinal (os estratos estão inclinados com a mesma direção e polaridade) viajamos desde o final do Cretácico (último Período dos Dinossauros), passando por todo o Mesozóico (essencialmente a Era dos Dinossauros e seus antepassados directos), com diversos tipos de rocha. Infelizmente grande parte do Paleozóico (pré-Dinossauros, maior parte da Era só com vida marinha) não está representado nesta zona, embora haja alguns locais na montanha com afloramentos do Ordovícico.
Alguém sabe a espécie?
Temos ainda das rochas mais antigas de Omã e de toda esta região, da base do Câmbrico e do PreCâmbrico, que como já foi dito parecem ser de outro planeta. São tipos de rochas, apesar de sedimentares como muitas outras, difíceis de comparar com qualquer ambiente de sedimentação actual ou de outro período da Terra. De igual forma os poucos fósseis que se encontram - a grande maioria microscópicos - são totalmente diferentes de toda a vida que povoou a Terra em períodos posteriores. Para alguém com alma de cientista é um desafio fascinante com o qual tenho o prazer de me deparar.
Para quem acha que pedra é só para cabeça dura (e não sofram de aracnofobia) ainda houve tempo de ver alguma da vida vivente. 

Sem comentários:

Enviar um comentário