sexta-feira, 1 de agosto de 2014

A herança portuguesa em Omã V (ou talvez não)

Uma das fortificações à entrada da velha Mascate
Um colega Português tinha-me falado de rumores ou melhor, de comentários de locais, que havia um cemitério dos Portugueses numa enseada algures na zona de Mascate onde só se chegava por mar. De Portugueses só poderia ser do tempo em que cá estivemos, vai para 500 anos quando toda a costa do Iémen, Omã e golfo adentro era controlada pela Coroa. Hoje em dia somos nem duas centenas e se algo corre mal voltamos para Portugal.
Esperámos pelo tempo mais fresco e resolvemos alugar um barco de recreio durante umas horas e ir à descoberta num passeio cultural e de veraneio.
Depois de irmos até à entrada de Matara (Mutrah na transliteração actual, mas pronunciado pelos locais soa mais parecido com a versão portuguesa) onde tivemos um encontro de terceiro grau com a polícia marítima. Pelos vistos não podemos entrar para a zona do porto actual de Mascate à vontade, se bem que o palácio do Sultão se pode chegar bem perto. Aí deve ser sem aviso, as metralhadoras pesadas são ameaçadoras o suficiente. Voltámos para trás e fomos explorando as enseadas, uma a uma até encontrar algo semelhante a um cemitério. No dia anterior tínhamos visto no Google Earth algo semelhante a campas, mas muito branquinhas, o que, para 500 anos seria obra (divina provavelmente).
As ditas, vistas de mar.
Numa delas encontrámos as tais campas. De facto, só mesmo por mar ou escalando do outro lado do rochedo. Num terreiro elevado e plano, a sobressair da praia de calhau lá estavam, bem cuidadas e recentemente pintadas, as campas. Ou divino ou não tinham 500 anos. Era um cemitério, mas de ingleses, marinheiros naufragados na costa de Omã nos últimos 200 anos. Muitos sem nome "known to God" na lápide. Outros ilustres desconhecidos e ainda para os VIPs o seu título: clérigos, administradores, etc. Pelo que deu a perceber a maioria seriam pessoas em transito entre a Índia ou mais além e a metrópole. O mais português que vimos foi um nome que imagino seja de Goa, mas com uma data muito recente. De resto os habituais torreões em todos os promontórios. Estando visto o cemitério dos portugueses (not) dedicámos o resto do tempo à parte do veraneio com boa companhia de portugueses, estes vivos da Silva!
Matara vista de mar. Aquele barquinho ao lado do iate do Sultão foi-nos dizer bom dia e desandem daqui.
 

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