sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O boss


Entrada para o Palácio do Sultão em Mascate velha
 O nome completo de Omã é Sultanado de Omã. E no passado recente foi Sultanado de Mascate e Omã. Até aos anos 50, o Sultão, pai do actual, intitulava-se Sultão de Mascate e Oman. A longa designação devia-se a facto de o controlo da zona costeira de Mascate e para Sul na zona de Dhofar estar sobre o controlo do Sultão, mas o interior montanhoso e desertico – designado por Omã – era na verdade controlado por um Imã através de uma rede de chefes tribais beduinos. Nesses tempos o Imã representava uma autoridade religiosa, mas também política e foram várias as tentativas de autodeterminação. A situação era confusa visto que nem as fronteiras no chamado empty quarter (zona desertica entre os EAU, Arábia Saudita e Oman) estavam definidas. Ainda hoje não estão entre os EAU e Arábia Saudita. Este último tinha pretensões sobre esse território, mesmo antes das descobertas de hidrocarbonetos, quer por controlo directo, quer através da influência do Imã. Numa marcha épica através do interior de Omã, de Salalah até Mascate, com ajuda militar britanica, o Sultão conquistou, ou, na maioria dos casos, negociou a subjugação das várias regiões e chefes tribais. Terminou assim a divisão de poderes e o Sultão passou a reinar a partir de Mascate todo o território Omanita, aumentando ainda mais as suas pocessões no empty quarter e na zona de Ormuz. Poucos anos mais tarde, em partes desse território agora Omanita foram feitas grandes descobertas de hidrocarbonetos.

Apesar da crescente riqueza resultante destas descobertas o País continuava a ser um pedaço de idade média numa região que vivia um boom económico e em grande medida também civilizacional. Foi só com o actual Sultão, apartir dos anos 70, que as receitas do petróleo e gás começaram a ser efectivamente usadas na modernização do País. Foram não só construidas infra-estruturas mas também erradicadas várias doenças endémicas, a população foi alfabetizada – o que incluiu desde cedo o inglês – em todas as regiões do País, mesmo as mais remotas. Este desenvolvimento tardio permitiu também que alguns erros cometidos em países vizinhos não fossem repetidos. O resultado é hoje um País funcional, com boas infrastuturas coerentemente dimensionadas, que não abandonou as suas tradições nem entrou em devaneios opulentos.
O iate do Sultão no porto de Mutrah
Ainda assim tem um Sultão e como tal há palácios e alguns luxos reservados a soberanos desse calibre, como seja o mega-iate bem no meio do porto de Mutrah e o palácio do Sultão na velha Mascate (para além de muitos outros espaços reservados ao Sultão e família). Outros há que põem estátuas ou imagens de si mesmos para os subordinados verem, um mega-iate até não é mau de todo.
Para saberem mais sobre o Sultão e seu País vejam a Wikipedia e leiam “Sultan in Oman” de Jan Morris (foi daí que veio a informação para este texto).

1 comentário:

  1. Que grande aventura Gil! Obrigada por nos ires pondo a par, vou ser seguidora assídua!
    Beijinhos!

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